A baixa qualidade dos agregados e materiais disponÃveis no mercado, a falta de controle das argamassas produzidas nas obras e a necessidade de melhorias na produção e na qualidade desse insumo fez com que, mesmo tardiamente, as construtoras buscassem alternativas para o aprimoramento dos processos de revestimentos argamassados.
Um método que começa a ser usado em grandes obras de Goiânia tem garantido qualidade e agilidade necessárias a essa etapa da obra. Trata-se do sistema de argamassa industrializada entregue em silos. Apesar de ser uma metodologia já conhecida no mercado nacional já há alguns anos, ainda é novidade na nossa capital.
Há de se reconhecer que o processo tradicional de argamassas virada em obra é bastante comum e ainda está longe de deixar de ser praticado no mercado, mas as argamassas industrializadas e entregues em silos vêm conquistando a indústria da construção, justamente pela precisão e ganho de tempo que geram num projeto. Porém, o uso de muitos aditivos e os gastos com processos de armazenamento e distribuição das mesmas, ainda deixam as construtoras com receio em utilizar esse revestimento argamassado.
Por experiência própria, devo dizer que a projeção de argamassas veio para melhorar um item muito importante nas obras e que sempre foi deixado de lado: a produtividade. Hoje, o mercado exige obras rápidas e de custos cada vez mais baixos, e a mão de obra é um dos itens que interfere bastante nos orçamentos.
Tendo como exemplo o uso desse método em uma de nossas obras, Reserva Jaraguá, nossa equipe técnica percebeu que o sistema de argamassas armazenadas em silos otimizou o tempo gasto nessa fase da obra e sem comprometer em nada a qualidade final. A argamassa é bombeada, a seco, para o pavimento em que o serviço será executado. Esse mesmo equipamento que bombeia a massa faz a mistura do material seco com a água, o que potencializa a qualidade, pois a dosagem é uniforme e contÃnua. No caso Reserva Jaraguá, o equipamento utilizado atendeu a obra na fase de contrapiso, reboco interno e externo e percebeu-se uma economia de tempo em quase 50%.
Para se ter uma ideia, ainda tendo a obra Reserva Jaraguá como exemplo, o planejamento da obra previa um prazo de 11 meses para a conclusão do seu contrapiso, com o sistema de argamassa bombeado, esse tempo caiu para 7 meses. O processo de argamassa misturada no local de aplicação aumenta a produtividade geral na obra, o inÃcio das atividades não depende mais da disponibilidade das cremalheiras, a distribuição dos materiais ocorre de forma mais rápida e assim a evolução da obra surpreende positivamente.
Os custos da argamassa a granel projetada são mais caros se comparados com a argamassa rodada em obra, mas colocando tudo na ponta do lápis percebe-se uma economia no orçamento total da obra, quando levamos em conta os gastos como energia, equipe de produção e distribuição de argamassa, equipe de limpeza e baias de agregados.
E mais! Os ganhos do sistema de argamassa industrializada entregue em silos, vão além daqueles previstos no orçamento da obra. Os benefÃcios dessa nova tecnologia ultrapassa o limite dos muros dos canteiros. Com um processo que requer bem menos espaço dentro da obra e bem menos veÃculos pesados envolvidos, essa nova metodologia traz nÃtidos benefÃcios para o trânsito no entorno da construção, pois diminui a quantidade de caminhões de carga e descarga de materiais circulando pela cidade. Para ter ideia, no método tradicional, são necessários cimento, areia, cal e água para hidratar a mistura e formar a argamassa. Para fazer uma quantidade de 24 toneladas da argamassa, por exemplo, seriam necessários seis caminhões de carga para entregar esse material. Com o uso da tecnologia argamassa pré-misturada, as mesmas 24 toneladas são transportadas por um único caminhão.Â
Essa nova tecnologia também facilita em muito a organização e logÃstica dentro da obra. Com a técnica tradicional para produção da argamassa seriam necessários mais de 70m² de espaço livre no canteiro. Com essa tecnologia da argamassa industrializada entregue em silos uma área de 6m² é suficiente para comportar o silo de armazenamento do produto.
Por esses e outros motivos vale refletirmos: para as empresas serem competitivas no mercado imobiliário atual, elas deverão buscar processos construtivos racionalizados, que tragam redução no custo de construção, rÃgido controle de desperdÃcio, e principalmente, melhora contÃnua na qualidade e durabilidade dos empreendimentos. A tecnologia de argamassa industrializada entregue em silos chegou para ficar, assim como outras que trazem mais dinamismo e qualidade para as diversas obras em andamento Brasil afora e que prometem uma nova fase na construção civil.
João Artur Rassi, engenheiro civil e diretor da FR Incorporadora